sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Libertos

Sumindo tornou-se presente,
Fugindo fez-se presa.
Ao correr de quem seguia
Sozinha não se encontrou.

A solidão conversava com ela
Amigas de temor e razão
Conviveram, apoiaram-se
E enredaram-se em miséria.

Ele, enquanto só e trocado pela solidão
Vagava avante, sem direção.
Rumava viajante, sem porto, sem embarcação
Aportando em vários corações.
No entanto, não ancorava,
Somente aportava e logo afundava
Em cima de qualquer balcão.

Ela nadava no copo
E com a solidão brindava a desvairada fuga.
No peito sentia um vazio
E por beijos desconhecidos
Partia em busca.
O alento não vinha da saliva,
Não vinha da bebida
E a solidão passou a deixa-la sozinha.

Perturbado, ele se perguntava
No que havia errado
E a resposta não se ouvia.
Em cada encontro
Os ouvidos alheios se transformavam
Em poços dos desejos
nunca realizados.

E sem saber,
Buscavam-se no ato de beber,
Comemoravam a derrota em comum
Em lugares diferentes,
Em semelhantes doses.
Após a incessante busca
Veio o inevitável encontro.
Olho por olho,
Dente por dente,
Copo por copo,
Mente por mente.
O olhar era profundo
O silêncio era mudo,
O copo estava cheio
E a mente estava exausta.

Ali estavam,
Ela foragida dele,
Ele alforriado dela,
Ambos acorrentados
E perdidos na liberdade que ela havia planejado.

Não sabiam que atitude tomar,
Logo pediram a dose para brindar.
E ali, sentados a se olhar,
Beberam até o sol raiar.

O dia surgiu,
Ela levantou-se e saiu
E ele sorriu:
O sentimento, o qual não sabia seu nome,
Não havia se perdido.
Então, pagou a conta e partiu
Para algum lugar vazio e perdido.
Não teria mais notícias,
Não teria mais encontros.
E a vida sozinho seguiu.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Juízo

Deus bate o martelo:
o Universo explode,
nascemos (estrelas),
brilhamos (luminosas),
morremos (apagadas) 
por culpa do amor e da fé,
por causa do ódio e do dó.

O julgamento começa
e os culpados se dizem inocentes
e a inocência não existe.
Da acusação fugimos
e nela nos encontramos,
juízes e promotores que somos.

Rezamos e remamos
em marcha à ré,
réus que negamos.
Refazemos os pedidos,
remarcamos o horário
e lutamos contra o reinado.

Rumores.
Recuamos (ruidosos),
escondemo-nos (cavernosos),
fugimos (duvidosos),
silenciamos (pecaminosos).
Vítimas culpadas,
flageladas pelo pulsar do próprio coração.
Réus condenados, 
vítimas da própria ambição.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Musical

Vivo para a música,
vivendo em sua busca
com ela marcando meu compasso
e sendo minha bússola.


É como se todo dia
eu acordasse gritando em clave de sol,
ajustando a harmonia,
dançando um ritmo sem nó.


E nos dias tristes,
lamentasse em dó,
descompassando o intervalo
e revelando a melodia.


Tocando meu corpo
por semibreves momentos.
Tornado-me mínima
em sons agudos.


Sem pestanejar,
meu bolero dança a balada,
ao som do barítono 
fazendo serenata.


E nessa imensidão musical, 
fez-se da orquestrada sinfonia
uma doce sonatina,
musicando a poesia.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

.

Eis aqui um pouco da minha opinião (e indignação) perante os acontecimentos dos últimos tempos.
Como muitos brasileiros acreditam, o papel da PM seria a proteção de toda a população, em busca da segurança desta e da garantia de seus direitos. E, como sabemos, a mídia valoriza este pensamento, tratando-os como heróis da nação. Era assim que eu os via, há muito tempo atrás, quando assistia a todas as edições dos jornais da Globo, Sbt e Record. No entanto, agora, com mais acesso às verdadeiras informações, presenciando pessoalmente alguns acontecimentos e separando o joio do lixo divulgado pela imprensa, vejo que esses "heróis" pertencem a uma "Liga da Justiça" corrupta, que valoriza os interesses individuais e despreza aqueles a quem deveria defender. Isso nos mostra que a imprensa também é governada por essa "Liga". 

Acredito que o caso da USP vá muito, mas muito mais além dos problemas  com a maconha, e quem está lá dentro sabe disso (ou deveria saber). Se há pessoas que usam ou não esse produto, o problema e a saúde são delas. Aí, quem assistiu o primeiro Tropa de Elite vai dizer: " Estão financiando o tráfico". É, realmente estão. Mas todos nós os financiamos, usando ou não narcóticos. Nós financiamos porque financiamos o governo. Ele sim financia fortemente o tráfico. E como ele financia? Ora, vou lhes contar. Vocês realmente acreditam que todas as empreitadas contra a descriminalização da maconha visam defender as futuras gerações dos malefícios da erva? Ah, meus amigos, saibam que não. Saibam que a corrupção no Brasil está profundamente envolvida com o tráfico e que este é quem realmente gerencia nosso país. A liberação da venda da maconha praticamente quebraria os cofres do traficantes, quebrando com todo o esquema de lavagem de dinheiro dos corruptos governantes. E digo isso sem poder provar (mesmo que faça todo sentido) porque as provas sempre são "apagadas". Mas, sem medo, afirmo que o tráfico de armas, drogas, etc financia a campanha  política de grande parte dos candidatos que foram eleitos. E estes devem pagar pelo investimento que os traficantes fizeram para lhes comprar a vaga no poder político brasileiro. E pagam trabalhando e roubando a favor daqueles.

É assim que funciona, e os estudantes politizados sabem disso. Não importa se eles "fumam" ou não. Vocês que mal julgam aqueles que corrompem a política brasileira e toda a esperança da população, como podem julgar aqueles que tentam abrir seus olhos? Esses estudantes, tão contestados pela mídia (pertencente à "Liga da Justiça"), tão criticados por vocês, estão lutando para que toda essa situação de controle e alienação mude. E ainda há pessoas que dizem que eles não merecem estar nos bancos de uma universidade. É claro que há uma minoria que não valoriza a oportunidade de estudo que está em suas mãos, mas, veja, é uma minoria! Ora, se os estudantes não merecem essa oportunidade, então entramos em outra discussão: o sistema de vestibulares, ENEM, tão elogiados pelo governo como ótimos métodos de seleção. Essas pessoas, sentadas nos bancos universitários, estudaram muito e passaram por essas avaliações com sucesso, o que mostra que o próprio governo afirma que eles merecem essa oportunidade. Um tiro no próprio pé, como sempre.

Viram como não é tão difícil perceber como tudo está controlado e direcionado para que a população não saiba o que realmente acontece no Brasil (não só dentro das cidades universitárias)? Pois eu lhes afirmo: estudante não é vagabundo. Estudante é o profissional que assumirá seu cargo em menos de 10 anos, para atuar na sociedade e garantir que o mercado de trabalho não fique estagnado. Todo esse discurso feito contra os estudantes tem o objetivo de manter a desvalorização pública da educação brasileira. "O Estado não é o problema, os estudantes é que o são!" Quem? Os problemas são aquelas pessoas que não têm transporte decente para poder chegar na escola? Aquelas que não têm condições de comer na unidade de ensino, porque esta não lhes proporciona o alimento? Aquelas que estudam mais de 8 horas por dia, sem contar as horas de estágio e trabalho, para se tornarem aptas a exercer nobremente suas funções? Aquelas que querem melhorar a comunidade na qual estão inseridas, a mesma comunidade abandonada por seus chefes e administradores? Então, meu povo, realmente somos o problema?

Digo que vagabundos são aqueles que ocupam prédios públicos como Senado, Câmaras, Prefeituras e Palácios, após uma votação ás cegas de uma assembleia de 190 milhões de pessoas. Creio que os policiais deveriam agir, com suas tropa de choque e cavalaria, e seus gases lacrimogênios, contra essas pessoas, porque elas destroem nosso patrimônio público, além de desviar todos os recursos que investimos. As ocupações estudantis raramente são violentas e usurpadoras. Os estudantes não usufruem do funcionários dos prédios ocupados, pedindo que estes lhe sirvam bolachas e cafés, enquanto dormem em suas cadeiras e reuniões. Não! Os estudantes buscam seus direitos, os direitos de toda a sociedade. E eu digo direitos, no plural, porque não é só o direito de fumar maconha (que não está em pauta na USP!), mas o direito de uma segurança sem repressão, de liberdade de opinião, de democracia. E sim, nós sabemos o que este último substantivo significa.




segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Morrendo de amores

Ah! Como estou a morrer de amores!
Sem me importar se vai durar,
sem ter medo de errar.


Minha vida tem sido um vai-e-vém
de amar e mais amar, 
sem esperar o outro se importar,
sem nem cansar.


Amar sem pensar
no que todos os outros vão achar.
Amar sem condenar,
amar e só amar.


Sentir sem saber se vai dar certo
Sentir sem saber se está certo.
Esta tem sido minha vida:
viver a morrer de amores.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Isso tudo que bate de frente
querendo desconstruir 
o que foi construído pela gente.
enquanto você brinca de rir, 
fugir e conduzir esse amor 
que não basta por si só;
ele precisa de nós.


Acredite, 
não teria dado certo
se você não fosse tão esperto.
Teria acabado
se você, com esse jeito todo atordoado,
não tivesse me completado.


É, moço faceiro,
agora que tá tudo aqui dentro
como faremos?


Você diz que sabe
que na verdade a vida
não é só realidade.
Me conta como sabe desse segredo,
me ajuda a perder todo esse medo.


Conduz meu amor,
vamos fugir e rir do mar,
brincar de se afogar 
nesse jeito dengoso de amar.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Orgulho ferido

Tapa na cara.
Orgulho jogado ao chão, 
chutado para longe da mão.
Vergonha logo ali, ao alcance.
Brincadeiras a parte,
o jogo se perdeu,
a trapaça ocorreu
e nada mais restou.
O sol se apagou,
a lâmpada queimou
e o vazio aumentou.


Doeu a dor ferida,
Machucou o corte ensaguentado.
Quebrou o vaso chinês.
O que era valioso
perdeu seu valor
e no cofre conta-se apenas sal.
Perdeu.


Esticado no piso
encontra-se sem abrigo,
sem sótão 
nem porão 
sem sala
nem mala.


Grita um grito mudo,
pisoteia o lamaçal,
afunda e não muda.


Diz-se cansado, 
pisoteado, perdido.
Seu orgulho fere-o com o ferrão.
Está machucado,
pobre coração.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Se quiser que eu vá com você
para algum lugar qualquer,
me busque às nove na varanda de casa,
estarei esperando perto da sacada.
Aperte a buzina,
compre um ramalhete,
deixe o tanque cheio
e vá ensaiando seus flertes.
Não foi você quem disse que eu era especial?
Não, não quero saber da sua classe social.
Não preciso do seu dinheiro,
só quero você por inteiro.
Desligue o telefone
porque a hora está chegando,
o relógio já caminhou alguns minutos
e a gente conversou tão pouco.
Vem, vem logo me encontrar,
só me espere tomar banho e me aprontar
que já é quase hora da gente se amar.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Contrariedade

Para ela
sua presença era insubstituível
e seu beijo, imperdível.
Provavelmente, o ar não lhe era tão necessário
uma vez que o perdia a cada encontro.
Cega, surda e muda,
ficava a cada visão,
som e pergunta.
Obedecia-lhe o ritmo,
dançava seu passo,
cantava para ser ouvida por ele
somente.
Para ele,
sua voz era inaudível
e sua dança, incompatível.
Ela não lhe era tão necessária,
já que só não se sentia sozinho.
Infeliz, sonolento e desanimado
ficava a cada encontro,
ligação e mensagem.
Não respondia suas perguntas,
perdia o ritmo,
tampava os ouvidos a sua música
ausente.
Ela corria, ele fugia.
Ele desligava, ela tentava.
Ele era o não e ela o por favor.
Um Yin-Yang sem sentido e complemento.
Eram uma verdade
que a iludia e bastava;
uma mentira
que ele detestava, mas mantinha.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Erros

Tá errado querer ser aquilo que não se sabe se pode ser?
Querer brilhar, cantar, gritar, gemer, ser?
Sonhar alto, tão alto quanto o morro para o qual olhava quando criança?
Brincar de ser feliz, atuar como se fosse atriz?

Afinal, é errado pensar que se é mais do que aquilo que dizem que é?
Juntar dinheiro para pagar o sonho de viver,
guardar as lembranças do sofrer
e se desiludir para aprender?

O que me diz?
É errado ser quem sou e ainda assim ser feliz?

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Marcha

Enquanto teu silêncio grita logo a frente,
convocando as mentes à razão,
teus pés marcham em direção ao horizonte.
Lá estão teus sonhos,
meditados na lavoura, na cidade, no negócio.
Para trás deixas os calos, as misérias, as falências.
Segues e o suor escorre pela face,
aquele mesmo suor que irrigou a terra,
lavou a calçada, molhou a cachaça.
Teus olhos brilham ao avistarem o sol
mergulhando nas lágrimas do horizonte.
A estrela afunda, renascendo a cada dia,
ressuscitando a cada escuridão.
Com os primeiros raios,
os rostos irradiam o brilho da esperança,
a esperança hidratada pelo orvalho da manhã.
Nem mesmo na escuridão deixaste de seguir.
E, enquanto o manto estrelado cobriu teus mortos,
levaste as heranças inspiradoras,
carregando as estrelas e o escuro sobre tuas costas.
E, com toda a luta,
com o sofrimento induzindo à derrota,
não desististes.
Quando mais precisastes,
o juazeiro e a araucária forneceram a sombra
para repousares teu corpo cansado.
O cajueiro forneceu a fruta,
apaziguando a fome causada pelas privações impostas.
Com o apoio da natureza,
provavelmente a única a te apoiar nas horas infames,
lutaste contra todo o sistema.
E, seguindo, olhas e enxergas algo luminoso,
diferente do passado e do presente:
um oásis sem tenentes,
um paraíso suntuoso,
um jardim sem poluição ou repressão,
com nações mestiças.
Um jardim cujo nome é
"o futuro com justiça".

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Leva-me para o jardim
e, enquanto o outono desnuda as árvores,
conta-me os sonhos de suas noites.
E enquanto brinco com as formigas, 
ouço-te falar do futuro,
antevendo a construção do sítio de seu coração.
Deitados na grama,
aquecendo o corpo ao calor do sol,
imaginamos um céu estrelado, 
traduzimos seu brilho no olhar.
Nos jogamos nos braços da mente

e nos entregamos sonolentamente,
dormindo o sono daqueles
que não precisam dormir para sonhar,
tampouco ser correspondidos para amar.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

No campo, o sangue jorra pelo solo
dos cultivos
familiares
choram por seus mortos
um choro que implora justiça
pelos vitimados guerreiros da floresta quase extinta.

A devedora Atenas
cobra os juros das vidas tomadas
pelo mercenário mercantil.
Em Madrid a marcha vence as touradas
e o "Olé!" é trocado pelos 
gritos de "Libertad! Libertad!"

Rumando segue a marcha,
abrindo caminho nas ruas,
quebrando as invisíveis correntes,
desvendando os olhos da verdade,
abrindo os ouvidos
aos sons de liberdade.

Enquanto Belo Monte sufoca,
afogando a bandeira verde,
as uniões se legalizam
vencendo a intolerante barreira.

Os primeiros passos começam a ser dados
e a esperança sai de seu estado de coma.
A mente abre suas portas
e a brisa que entra traz uma doce sensação.
A mudança continua e
o vento vira furacão.
As linhas deixam de ser retas
e entortam a direção.
E enquanto as curvas
ficam mais fechadas
os atalhos aparecem.
A estrada de terra e pedra
passa a ser a segura direção.

Os buracos são cavados
e o gambás não fedem
como as rapinas.
Vigilantes fogem
e a comida que lhes resta 
é a base de laranja.

Espere! Ouço gritos!
Bandeiras tomam minha rua.
Todas as cores emergem sobre as cabeças.
O branco foi lavado com líquido vermelho
que deixou seu brilho mais intenso.
Uma energia sonora sai das bocas
e possui um aroma leve,
lembra-me o cheiro e os sabores
de minha infância.
Não há um som pesado de bater de pés,
não há som de violência.
As pisadas flutuam,
as pessoas ganham asas.
É chegada a hora:
as correntes não nos prendem ao chão
e as asas abrem-se ao sabor do furacão.
Em seu olho existe um brilho,
algo como um clarão
que me dá a certeza
de que dias melhores virão.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Manifestação R.U.!

Dia 11 de maio de 2011. Aconteceu hoje uma manifestação dos estudantes da Unesp, campus de Botucatu, para pedir um Restaurante Universitário acessível a todos. Estiveram presentes mais de 350 alunos no protesto, portando faixas nas quais estavam escritos dizeres como: “Queremos R.U.!”; “Até quando seremos feitos de bobos?”. A passeata iniciou-se às 10hs, e percorreu os arredores do Hospital Veterinário, a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, o Pronto Socorro, passando em frente aos prédios da Faculdade de Medicina e do Hospital das Clínicas e centrais de aulas do Instituto de Biociências, terminando em frente ao prédio da Administração Geral do Campus (GAC). Após a manifestação, os alunos participaram de um almoço coletivo em frente ao prédio. Durante esse almoço, o senhor Carlos se reuniu com alguns representantes dos alunos e afirmou ter recebido um telefonema do Vulcano, dizendo que o GAC perdeu o interesse em conceder o prédio do Restaurante Universitário para o Hospital das Clínicas, o que significou uma vitória para os estudantes. Logo depois aconteceu uma assembléia, na qual foi votada a ocupação do prédio da Administração.  Após essa proposta ser aprovada, os alunos adentraram no prédio, PACIFICAMENTE, e pediram para que os funcionários se retirassem do local, para que a ocupação pudesse começar. Infelizmente, alguns funcionários não entenderam o espírito da manifestação e chamaram alguns alunos de “vagabundos”. Logo depois, aconteceu uma reunião com o responsável pela Administração neste dia (Carlos), pois o Diretor do GAC, senhor Vulcano, estava em Bauru, num encontro dos representantes de alguns campi da Unesp.
Após a reunião, Carlos saiu do prédio escoltado por homens da Polícia Militar, sem motivo aparente.  No final da tarde, ele voltou, afirmando ter feito um Boletim de Ocorrência no qual estavam os nomes de alguns alunos que participaram da manifestação e um pedido de Reintegração de Posse, o qual seria encaminhado para o juiz do município. Os policiais conversaram com os estudantes com o intuito de convencê-los a desocupar o prédio. Ao ser questionado de como a polícia militar agiria caso os alunos se recusassem a cumprir a ordem judicial, um policial alegou: “Nós entramos em penitenciária com mais de 5000 presos, o que seria remover ‘algumas’ pessoas?”.
No início da noite, o juiz assinou o pedido e os estudantes desocuparam pacificamente o prédio, mas com gritos de protesto. O prédio foi fechado pelo senhor Carlos e os policiais foram embora. Ainda assim, cerca de 50 estudantes dormirão na frente do prédio, sem “interferir no direito de ir e vir das pessoas”, como disse um dos policiais presentes. Amanhã, dia 12 (quinta-feira), haverá uma reunião, às 9hs com o Diretor Vulcano, para discutir os pedidos dos estudantes.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Há algum tempo venho tentando entender o que é a paixão sem tê-la vivenciado. E o que posso dizer dela, usufruindo de um ponto de vista completamente fora do espaço caótico no qual ela está inserida? Posso dizer que nada sei dizer, a não ser o que pude observar nos últimos dias. Quando digo que nunca me apaixonei, digo porque nunca tive um relacionamento, até agora, no qual a paixão predominasse. Dizer que nunca fui assaltada por calafrios, taquicardia, sudorese, tremedeira, é igual a dizer que nunca fiquei resfriada. Trata-se, apenas, de um mecanismo de defesa nada eficiente contra machucados cardíacos. Então, como alguém se atreve a escrever qualquer coisa sobre aquilo do qual foge? A resposta é simples: não vivenciando a paixão intensamente, posso observar com maior clareza a sua beleza e necessidade.
Como não admirar o brilho nos olhos daqueles que vivem ao meu redor e que foram submetidos a tão doce sensação? Tomo a liberdade de analisá-los, não criticamente, mas sim poeticamente, observando cada palavra que é dita com entonação diferente, rindo de cada divagação, sonhando junto com eles. E, durante alguns segundos, observo as atitudes, percebo o quanto a paixão tornou-se necessária para se ter uma vida saudável.
Quando não estamos apaixonados, acabamos por deixar-nos de lado, descuidamos de nós mesmos e do que fazemos. E é nessa parte do texto que muitos irão dizer: sou um bom aluno, um ótimo trabalhador e não estou apaixonado. Aproveito o ensejo para apontar um dos maiores defeitos da humanidade: achar que a paixão não é necessária para uma boa sobrevivência. É intrínseco do ser humano a necessidade de se relacionar socialmente, e na sociedade escolher o parceiro com o qual continuará sua descendência. Porém, o mais importante é poder ter alguém para poder contar os segredos, falar mal da sua colega insuportável, rir daquilo que os outros não acham graça, mas do qual a empatia apaixonante gargalha, e, acima de tudo, ter alguém para se olhar com um olhar apaixonado. E é para essas pessoas que nos formamos, nos dedicamos; é para encantá-las. É óbvio que existem aquelas pessoas que são tão apaixonadas por si mesmas que recusam a apaixonar-se verdadeiramente. Abstraio-as deste texto, pois tenho esperanças de que elas não são maioria na população.
Por que contestar, então, a necessidade desse sentimento?
Admiro as pessoas, que ao ler este texto, estão suspirando ao lembrar do ser apaixonante. Admiro ainda mais aquelas que estão flutuando no universo, sem se prender à lei da gravidade de qualquer planeta que venha interferir no vôo saudoso. Não é fácil admitir tamanha fragilidade, tamanha dependência da outra metade do beijo; o orgulho não deixa. E é justamente este orgulho que nos faz negar os outros e nós mesmos. É uma pena que muitas pessoas tenham se submetido a este sentimento. Tenho pena destas pessoas e tenho, especialmente, pena de mim, que por diversas vezes utilizei dele para fugir daquilo que tanto desejo: apaixonar-me intensamente.
Com o tempo e com as observações que pude fazer, aprendi a não me negar perante o mundo. Concebi a idéia de me apaixonar para viver. E essa idéia refuta o que estou vivenciando no momento, quando me afasto da paixão para analisá-la. Neste preciso momento não estou vivendo. Na verdade, estou em estado de quase morte, do qual voltarei quando ver alguém especial. E, no entanto, prefiro manter-me nesse estado, delirando perante às imagens que me acompanham e as quais ajudei a formar. São tão bonitas! Satisfaço-me com a paixão que está fora de mim, pois mesmo não sentindo-a, ela me faz bem. E me faz bem porque é responsável pela felicidade de pessoas que amo em demasia.
Alguns me questionarão sobre o motivo de eu não ter usado o termo amor. Explico-lhes: já foi um grande atrevimento de minha parte tentar analisar a paixão, que é um sentimento tão lindo, mas inconstante demais. E, também, a paixão não é igual ao amor. A paixão é mais voraz, e, às vezes, mais eficaz para se conseguir o que se deseja; o amor é um sentimento nobre, nobre o suficiente para que deixemos as pessoas amadas livres para pertencer a um outro alguém. A paixão, pelo contrário, nos convence que somos essenciais para o bem-estar do outro ser. Contudo, na maioria dos casos, o amor surge com a paixão, fazendo desta seu principal complemento. Ele nunca a excluirá, enquanto ela muitas vezes não percebe sua necessidade.

domingo, 10 de abril de 2011

Seguir,
vacilando, mas seguir.
Andar,
tropeçando, mas andar.
Viver, 
desafiando, mas viver.
Sorrir,
chorando, mas sorrir.
Cantar, 
desafinando, mas cantar.
Amar
e amar, amando sem cessar.
Ah, como eu amo!
E, dessa forma,
igualo-me a todas as almas
que provam desse fel sabor mel,
que arranhando a garganta,
sacia os mais profundos desejos da alma.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Cor-de-mel

Profundos,
imensos e pequenos.
1 segundo.
Novamente,
profundos,
imensos e pequenos.
Afogo-me na profundeza 
das pupilas,
enredo-me, transitivamente,
na doce íris.
Perco-me.
Como o urso,
enfrento o enxame de pensamentos
e procuro pelo doce daqueles olhos.
Uma overdose daquela glicose
que meus olhos saborearam
fez-me perder o controle
dos movimentos,
das palavras,
dos pensamentos.
Um piscar.
Nem sei se respirava.
Ofegante, retomo o controle,
emirjo daquela profundeza,
me liberto das redes
daqueles olhos cor-de-mel.

Para alguém que, de alguma maneira, mudou minha vida.

Seus amendoados olhos
tinham um quê de tristeza.
Fecham-se num sorriso
ressaltando ainda mais 
sua singela beleza.


Os gestos que encantaram muitos
foram zombados por outros tantos
que os julgaram cópias maternas.
Até mesmo o doce sorriso
fôra vítima da inconfessa Inquisição
que por anos atingiu-a,
forçando-a a esconder tão linda vocação.


A voz tão suave
sai tão leve e pura
que chega aos ouvidos
ainda primitiva.
Talvez os corais da juventude
foram-lhe úteis para o treino,
mas neles não se encaixava 
tamanho destaque;
havia algo a mais,
algo que até hoje
é inexplicável,
algo extremamente admirável,
algo nada comparável.


As semelhanças existiam,
porém foram esquecidas logo
nas primeiras notas.
O talento,
que também viera do sangue,
mostra-se no iluminar de sua aura
quando nos palcos 
leva seu cantar.


Hoje seus olhos
não me parecem mais tristes.
Acredito que agora
perceba o porquê
desse dom de encantar.
Muitas vezes esse dom cai
sobre sua pessoa
como uma responsabilidade,
no entanto, esta se extingue
e dá lugar a sensibilidade.


Aquele olhar que outrora
tive a chance de admirar
continua tão amendoado, 
doce e belo
que dá uma vontade de cuidar.
Continue, cantora,
continue suas passadas
que onde sua voz estiver
os ouvidos se abrirão para lhe escutar,
as palmas continuarão sonoras
e os olhos continuarão a te admirar.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Seus belos olhos
saltavam das órbitas
e fixavam religiosamente
a velha janela.
A canção ao fundo
não era ouvida
nem por sua inconsciência
e sua mente não trabalhava,
para isso a paciência se esgotara.
A cútis paliçádica brilhava
com a pequena réstia de luz
que entrava.
A morbidez de seus sonhos
pairava como nuvem
sobre a nuca
e a voz não saía.
Sentada na cadeira
ia morrendo,
morrendo ia
admirando aquela única fantasia.
 
Eu até tento
não confundir a questão do vento
com a questão do tempo,
mas com esses dois passando assim tão rápido
deixando meu cabelo despenteado

e comendo a sola do meu sapato,
fica até difícil de pensar.
Com o sono
vêm os sonhos,
o descanso
e a vontade de um dia recheado
de paixões.

Caminhando,
seguindo em frente,
admirando aquela estrela cadente
que queimou a vela
e esta deixou seu rastro de cera,
fazendo-me levantar da cadeira,
ver a pequena luz no alto da torre
e sentir que o problema maior
não foi a canção não ouvida,
e sim a canção não compreendida.
Sentindo o frio na pele,
fingindo ser quem eu era
corri para dentro daquele quarto,
encarei a escuridão
e gritei para ela.
Onde está minha visão?
Por que roubaste-a de mim?
A luz, que muito forte
embaçava minha vista,
foi necessária para vencer-te,
e agora aí estás
presa neste quarto,
fugindo
e me ouvindo.
Oras, por que não respondes?
Acaso tenta enxergar
teu inimigo com meus olhos?
Por que, então,
não roubas meus ouvidos
para ouvir o som da claridade?
O mesmo som que
chamou minha atenção
e me tirou de teus negros braços.
Tens medo de não mais
possuir as mentes dos desafortunados
que caem em seus braços,
puxando-os para o lamaçal
de suas entranhas?
Qual o motivo de temer
as subjetivas crenças estranhas?
Pensas que, mesmo sem meus olhos,
impede-me de ver a verdade
por trás da verdade?
Zombas daquilo
que seus olhos querem enxergar
mas não podem?
Sofres com a possibilidade
de ver caírem por terra
seus ideais,
suas guerras?
Sentes,
no mais profundo de sua escuridão,
uma luz brilhar
e por mais que queiras,
não consegue apagá-la,
não consegue matá-la.
Por que ainda insistes
em crer no não crer?
Abra a porta
da sua apagada sala
e deixa a luz entrar
na sua apagada alma.
Não precisa devolver meus olhos,
consigo seguir minha trilha sem eles.
Mesmo sem eles
mantenho meus passos retos,
o quanto é possível.
Aproveita-te deles,
pois foi com eles
que descobri que não preciso enxergar
o que eles enxergam.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

E aí, quem mais quer destruir a Floresta Amazônica?

E aí, quem mais quer destruir a Floresta Amazônica? 19 bilhões de reais serão gastos na construção de algo que não trará lucro e sem necessidade, pois o Brasil tem um alto potencial para desenvolver fontes de energia renovável. Enquanto isso, apenas 6 mil casas serão construídas para rehabitar as vítimas da enchente no Rio.
A construção de 6 mil casas custará no MÁXIMO cerca de 500 milhões de reais. Valor que não chega a 5% do valor gasto com a construção Complexo Hidrelétrico de Belo Monte. E se os brasileiros estão sabendo da situação atual do próprio país, não foi somente na Região Serrana do RJ que as pessoas perderam suas casas.
Só na região metropolitana de São Paulo 115 mil pessoas moram em zonas de risco e precisariam ser remanejadas. Esse número corresponde a cerca de 30 mil famílias, número 5 vezes maior do que o número de casas que serão construídas com o apoio da Presidente Dilma.
Vejam o dinheiro que poderia ser gasto para auxiliar milhares de pessoas no país, tanto na parte de moradia, como para cobrir os déficits com saúde e educação, serviços que parecem não ser tão importantes perante os olhos de nossos governantes.
E o impacto da construção da Usina vai muito além da inundação catastrófica. Segundo a WWF, cerca de 8 mil pessoas migrarão para a região da Usina, sobrecarregando os arredores.
Os imigrantes terão emprego mas não terão escolas, postos de saúde, e o índice de desmatamento será enorme, devido à explosão imobiliária da região. Não haverá uma educação ambiental suficiente para que os novos moradores convivam pacificamente com a floresta.
Ou seja, a Usina não trará lucros para a população brasileira, ou pelo menos, para a maioria. Provavelmente o projeto tenha sido aprovado porque auxilia os bolsos de uma minoria, que está muito longe de ser vítima dos prejuízos da Usina. Ou não.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Talvez a canção não tenha sido tão bela
ou não fora suficiente
para agradar-lhe os ouvidos.

Pode ser que os sonhos contados
não puderam ser divididos,
afinal os gostos eram distintos.

Com certeza a  moeda
era velha demais para ter algum valor
e não conseguira comprar a felicidade.

Ou será que os quadros pintados
ficaram desbotados,
as tintas perderam os tons
até que as alegres cores deixassem
a visão triste?

O cansaço tomou conta do corpo,
a preguiça dominou a alma
e a vontade de amá-lo havia sido perdida.

A paixão já não era quente,
o abraço não era apertado,
o beijo não tinha mais sabor.

Titubeou em revelar o sentimento 
que se passava em seu coração.
Do seu olhar perdera-se a direção
e um passo para trás fora dado.

Tinha medo de revelar a causa da negação.
Repudiá-lo causava imensa dor,
porém magoá-lo era mais dolorido ainda.

Como contar-lhe a descoberta de um novo amor?

As lágrimas rolaram pela face,
as pernas tremeram, 
as mãos suaram
e as palavras brotaram
embaralhadas, duvidosas,
verdadeiras.
O alívio causava remorso,
mas era sincero e profundo.

Deixara-o paralisado,
boquiaberto,
mudo.

No silêncio pegou as malas;
no varal estavam as roupas lavadas;
na pia, a louça limpa;
nos móveis a cera brilhava.

Por trás de si a porta se fechara
e os olhos não mais se encontraram.
E, como se fosse a primeira vez,
seus lábios se tocaram.
O tempo parecia estático.

As nuvens não se moviam com o vento,
o farfalhar das folhas não era ouvido,
a vitrola ficara muda.

Os corpos dançavam um ritmo desconhecido
aos olhos alheios,
enquanto os olhares daquele casal fixavam-se
atentos, sonhadores, saudosos.

A sincronia das mentes era perfeita.
Tinham os mesmos sonhos,
pensamentos, sentimentos.

Não havia mais no coração
a lembrança da despedida.
Viviam agora apenas aquele
momento de reencontro.

O beijo era mais doce 
que o perfume dela;
o sentimento, mais forte
que os braços dele.

E, enquanto o tempo havia
parado dentro de seus corações,
as horas corriam lá fora,
anunciando o momento de ir embora.

As bocas separaram-se,
os olhos lacrimejaram
e a distância doeu novamente.
O medo de perderem-se era constante
e a vontade de amar mantinha-se intensa.

A união teria de dar mais uma pausa.

Relutantes, despediram-se,
fizeram juras,
mantiveram os olhares fixos
até ela virar a esquina.

Um novo encontro já estava marcado,
mas pairava o medo de algo dar errado.
E, nessa dúvida de encontros e despedidas,
renovou-se o penar do amar.