quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O poder de um vestido







O poder que um vestido tem
de elevar-se,
mostrando
as pernas,
joelhos
e coxas
de uma mulher
louca para esconder-se
e mostrar-se esvoaçante.

O poder que um vestido tem
de dar-lhe cor
e rubor
ao sentir-se queimada por olhares
em todos os cantos
da cidade
e do vagão do metrô.

O poder que um vestido tem
de se alinhar à silhueta,
de costurar-se em torno
do corpo,
a pedir que o homem desvende
o que se esconde por baixo do pano.

O poder que o vestido tem
de acompanhar-lhe em rebolados
ora em rendas
ou babados,
caminhando pelos olhos
do louco admirador.

O poder que o vestido tem
de enrolar-se no corpo,
nos corpos de ambos,
enroscando-se em amor,
e sendo rasgado com fervor.

O poder que o vestido tem
de mostrar a mulher
ainda mais bela
do que outra peça de roupa qualquer
é capaz de mostrar.

Que poder carrega a mulher
que bota um vestido
e sai a desfilar,
importando-se em, apenas,
deixar-se admirar.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Dane-se

Cê joga em dois lados,
acha que tudo é jogo de dados,
só para não se dar
a quem mais se dá a você.

Cê canta vitória antes do tempo,
você vibra como se o tiro fosse certeiro,
cê comemora o penar
daquela que te amou
quando ainda tava aprendendo a amar.


Você danou,
Cê vai se danar.

Você machucou,
cê vai se machucar.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Carta de uma criança romântica





Olá, Noel! Tudo bem?

Mais um Natal está chegando, e cá estou eu outra vez, a repetir o pedido que fiz há algum tempo. Acaso se lembra dele?

Tudo bem, eu entendo. São muitas cartas, muitas crianças, muitos pedidos iguais a este. E com certeza ele não é o mais importante de todos, e não deve considerá-lo assim. O senhor tá certo. Mas, se acaso tiver um tempinho e c
ondições de realizá-lo, me deixará muito feliz.

Sabe, Noel, ultimamente tenho andado meio cansada. O presente que você me mandou há uns meses esgotou minhas forças. Não, não estou reclamando dele. Até que me foi bom, mas poderia ter sido melhor... Bem melhor. Por isso mesmo gostaria de pedi-lo novamente, só que com algumas melhorias. Pode ser, jovem?

Bom, vamos lá. O senhor não deve lembrar, mas lhe pedi um pacote de borboletas. Isso mesmo. Borboletas. Para colocar aqui no estômago. Parece estranho, né? Entretanto, ambos sabemos que sempre tem alguma jovem por aí pedindo um pacotinho pro senhor. É que a sensação que elas causam é ótima! Já experimentou?
Pois é, Noel. Gostaria de pedir um pacote de borboletas com asas mais macias. Acho que já deve ter lançado um novo modelo delas. As asas das borboletas do ano passado até que eram confortáveis, mas depois de um tempo começaram a ficar duras, e me causaram úlceras. E sem contar que os bichinhos eram agitados demais! Qualquer olhar, qualquer abraço já era motivo para começar um rebuliço de asas impossível de conter. E toda essa farra dentro do estômago me deixava sem dormir. Foi intenso demais, meu querido. E agora que estão ficando velhas, elas estão confundindo tudo, ora parando de bater suas asas, ora batendo-as por qualquer toque de pele. Por isso gostaria de trocá-las.

As borboletas que lhe peço são um pouquinho mais calmas. Voam tranquilamente pelo espaço disponível aqui dentro. Para voarem, precisam de um estímulo menos discreto e bem mais esperto. Funcionam melhor à base de palavras-chave, que provavelmente derivam de algum convite para sair ou de um buquê de flores. Os abraços funcionam, mas devem ser mais apertados que os anteriores. Sim, elas são um pouco mais exigentes. E as asas são duráveis, endurecendo depois de muito tempo. Às vezes, se batem calma e continuamente pela mesma fonte de estímulo, podem nem endurecer. Veja só como são melhores.

Bom, este é o meu pedido de Natal para este ano. Espero que esteja a seu alcance realizá-lo. Já disse que sei que ele não é tão importante como os outros, mas indiretamente pode fazer um bem enorme à humanidade. Pense nele com carinho, ok? 

Um beijo e Feliz Natal!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Tipo





- Oi.
- Não sou o seu tipo.

- Que?
- É isso, não sou o seu tipo.

- Não tô te entendendo.
- Não entenda, só saiba: não sou o seu tipo.

- Mas por que você está me falando isso?

- Para deixar claro que não sou o seu tipo.

- Tá bom, já deixou. Mas qual o motivo?
- Simplesmente porque não sou o seu tipo.

- Tudo bem. Mas eu não te perguntei nada.
- Mesmo assim afirmo: não sou o seu tipo.

- Tudo bem. Já vi que não dá mesmo pra conversar com você.
- É porque eu não sou o seu tipo.

- Pra quê enfatizar tanto?!
- Pra esconder que eu te quero comigo.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Assim que somos

Lágrimas libertam.
E, agora só me resta,
que essa liberdade vingue,
e me dê asas para voar para longe,
e me dê forças
para que eu use as asas para aquecê-lo
quando precisar.
Dolorido, mas importante.
É assim que és, 
é assim que somos.

Nem mais, nem menos,
apenas eu e você,
carregados de momentos
e sorrisos.
Os mais importantes e alegres,
os mais divertidos e amigos.
Só olhares.
E sorrisos.

Sonhar

Sonhar
e ter alguém para isso,
ter qualquer um 
com quem se possa repousar no paraíso.
Sonhar é o que me move,
me enterra,
para não deixar que
aquele pulso que dói
morra
sem pulsar.

Sonhar,
simplesmente imaginar
que tem algum ser
me esperando em algum lugar.
Sonhar
e não dormir
para poder sorrir
feito bobo no luar.


Sonhar


e não ter a mínima vontade de levantar


da cama ao acordar
Sonhar
para sempre
ter um pouco de amor
para amar.