domingo, 29 de abril de 2012

20


Os 20 anos chegaram
Ou eu cheguei até eles?
Tenho medo dos números
E das décadas que se passaram
e passarão.
Já não tenho a certeza
Se darei conta dos delírios adultos
ou se darei chance aos sonhos da criança.

20 medos.
Medo do sofrer
Do doer viver,
Do querer.
Pavor do mentir,
De saudades sentir e não fingir,
De não sorrir.
Temor do blefar,
Do coração escancarar
E  não saber se é certo
Não saber amar.
Tensa estou,
Cansada estou
e nem motivo há.
Realmente já não sei mais quem sou,
Com medo de não ser.
Querer e não conseguir,
Ganhar e não possuir,
Cantar sem o mi,
Chorar ao dormir.
Aflição
tinge, pinta, desenha
Um labirinto de cores descolores
Com desenhos sem nexo.
Em anexo,
Uma partitura sinfônica, filarmônica
Com um maestro regendo
Sem ritmo,
Com devaneios e destinos
Sem marcar passos
Sem compassos,
Sem sonido.
Ainda assim, o medo
De seguir sem horizonte
E, depois de vinte anos
ainda ter... medo.


quarta-feira, 18 de abril de 2012

Por ser tão boa atriz
passou a atuar no palco da vida.
Os sentimentos, fingia
e sorrindo sofria.

Disfarçava o máximo que podia
e escondia a estrela prestes a explodir.
Encenava, rosnava
e, pelo bem da peça, deixava-se ferir.

Mutilada, a atriz dançava,
brincando em cena.
Rodopiava e caía,
caindo se levantava
e novamente encenava.

Ah, a atriz
não era tão bela, 
não era tão séria,
mas atuava como ninguém.
Atuando foi vencendo na vida,
contando com a sorte,
sempre a esperar por alguém.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Essa menina

A menina deixou de sonhar e passou a agir.
Transcendeu, cresceu, explodiu.
Na explosão, sorriu, leve e docemente
E se abriu em primaveras ensolaradas.

Os sonhos se tornaram escassos, 
Pois muito sonhara e pouco conquistara.
Pôs a mão na massa,
Bateu o pé
E marchou em voz, suor, lágrima e dor.

Cantou, investiu, quase desistiu.
Questionou-se tantas vezes
Que sonhou com as questões.
A dúvida ficou de um lado,
A certeza ficou do outro
E, no meio delas, se entregou ao mundo torto.

Não tinha certeza se conseguiria
Não tinha certeza se falharia
Não tinha certeza de que era certo deixar de sonhar,
Mas agindo conquistou o universo.
Ele se tornou seu.

As estrelas brilharam só para ela,
A luz dissipou a sombra que a rodeava,
E ela curtiu, apenas curtiu
E abriu a porta que para ela se fechara.

Entrou, arrasou, triunfou
Tornou-se forte,
Desfez-se da morte
E adiante não hesitou.
Continuou
Guerreira
A lutar contra a dor.
Quero o pouquinho de você que seja suficiente para lavar-me a alma.
O pouco que baste e mate de vez a saudade.
No fundo, quero uma dose letal,
Um momento fatal
só contigo, sem perigo algum de ser esquecido.

Quero uma foto solta
descolada do álbum.
Quero fazer dos seus segredos os meus segredos.
Perder o medo, todo medo.
Gritar bem alto,
descer do salto.

Sorrir na tua felicidade,
cuidar da sua tristeza,
ter toda a certeza
de que no seu lugar
eu vou estar,
assim como em meu lar você estará.