sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Talvez a canção não tenha sido tão bela
ou não fora suficiente
para agradar-lhe os ouvidos.
Pode ser que os sonhos contados
não puderam ser divididos,
afinal os gostos eram distintos.
Com certeza a moeda
era velha demais para ter algum valor
e não conseguira comprar a felicidade.
Ou será que os quadros pintados
ficaram desbotados,
as tintas perderam os tons
até que as alegres cores deixassem
a visão triste?
O cansaço tomou conta do corpo,
a preguiça dominou a alma
e a vontade de amá-lo havia sido perdida.
A paixão já não era quente,
o abraço não era apertado,
o beijo não tinha mais sabor.
Titubeou em revelar o sentimento
que se passava em seu coração.
Do seu olhar perdera-se a direção
e um passo para trás fora dado.
Tinha medo de revelar a causa da negação.
Repudiá-lo causava imensa dor,
porém magoá-lo era mais dolorido ainda.
Como contar-lhe a descoberta de um novo amor?
As lágrimas rolaram pela face,
as pernas tremeram,
as mãos suaram
e as palavras brotaram
embaralhadas, duvidosas,
verdadeiras.
O alívio causava remorso,
mas era sincero e profundo.
Deixara-o paralisado,
boquiaberto,
mudo.
No silêncio pegou as malas;
no varal estavam as roupas lavadas;
na pia, a louça limpa;
nos móveis a cera brilhava.
Por trás de si a porta se fechara
e os olhos não mais se encontraram.
E, como se fosse a primeira vez,
seus lábios se tocaram.
O tempo parecia estático.
As nuvens não se moviam com o vento,
o farfalhar das folhas não era ouvido,
a vitrola ficara muda.
Os corpos dançavam um ritmo desconhecido
aos olhos alheios,
enquanto os olhares daquele casal fixavam-se
atentos, sonhadores, saudosos.
A sincronia das mentes era perfeita.
Tinham os mesmos sonhos,
pensamentos, sentimentos.
Não havia mais no coração
a lembrança da despedida.
Viviam agora apenas aquele
momento de reencontro.
O beijo era mais doce
que o perfume dela;
o sentimento, mais forte
que os braços dele.
E, enquanto o tempo havia
parado dentro de seus corações,
as horas corriam lá fora,
anunciando o momento de ir embora.
As bocas separaram-se,
os olhos lacrimejaram
e a distância doeu novamente.
O medo de perderem-se era constante
e a vontade de amar mantinha-se intensa.
A união teria de dar mais uma pausa.
Relutantes, despediram-se,
fizeram juras,
mantiveram os olhares fixos
até ela virar a esquina.
Um novo encontro já estava marcado,
mas pairava o medo de algo dar errado.
E, nessa dúvida de encontros e despedidas,
renovou-se o penar do amar.
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Já estava procurando
na luz que entrava pela janela
o brilho daqueles olhos,
sentindo falta do grande amor
que não teve;
buscou o consolo na imaginação.
Quem sabe imaginando-o a seu lado
conseguiria sofrer menos,
valeriam a pena todas as horas perdidas,
todos os dias perdidos.
Todos os pecados cometidos
foram perdoados no caminho
que trilhara sozinha.
Todas as luzes foram acesas
e queimaram-lhe por dentro.
A porta da geladeira abriu-se
e morrera de fome.
Não havia nada de nutrificante
naquele mundinho gélido.
A fome quase fora triunfante,
lutou-se um duelo épico,
seu bem e seu mal
confundiram-se numa só pessoa,
e esta já não entendia o significado
das palavras jogadas na face.
Fora um erro
e tudo não passara disso.
Um erro recapitulado
várias e várias vezes
até encerrar-se nas últimas páginas.
No epílogo um homicídio,
uma fatalidade talvez:
matara o amor que amara uma vez.
Assinar:
Postagens (Atom)