domingo, 10 de novembro de 2013

Em segredo

Eu tenho uma paixão tão grande no meu peito
que implode-me em desejo
e eu já não sei onde vai dar.

Há quem diga que paixão é sinônimo de medo
e há quem afirme que o medo é sonoro
para aqueles que não ousam se entregar.

Na recusa da entrega,
seguem amantes, delirantes, afobados
sem rumo, num caminho amaldiçoado,
de perda e teorias.

Teorias diagnosticadas
em peitos palpitantes,
vasos estourados,
amor delirante.

Encontro-me no derrame
de quem se esquece perdido
no desejo louco e varrido
de um peito inchado de amar.

Sufocado em medo,
afogado em paixão,
preso em celas
de um segredo
em meio a multidão.

Multidão de doentes
apaixonados loucamente,
entregues ao desejo
que os consome por dentro
sem jamais se revelar.

domingo, 27 de outubro de 2013

Se você

Se você soubesse do que meu amor é feito
deixaria de procurar defeitos
e os mínimos erros
seriam teu norte e teu sul.

Se você compreendesse
que o suor escapa do corpo para encontrar outro corpo
e que o beijo é sempre o mesmo
e que o que muda é o amor,
não deixaria escapar a oportunidade
de ter liberdade de amar.

Ah, se você fosse mais você
e não ligasse para o que os outros pensam,
correria para o meu abraço
e não deixaria correr o ponteiro.
Afinal, se já não temos muito tempo,
por que continuamos a perdê-lo?

Ora, venha logo me encontrar em ti.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Sobre ser grata

Quem poderá ser verdadeiramente grato ao amor
Quando tão pouco se sabe amar?
Será possível agradecer a quem se ama
Pelo amor dado de bom grado
Pelo olhar, pelo afago,
Sem o desabafo de contar 
Que o amor pode ser muito maior
Do que o amado se põe a sonhar?


Gratidão é matéria líquida
É amor diluído em sorrisos e olhares
É o brilho em meio às sombras da desesperança
É arpão que atravessa o casco de quem se recusa amar.

Como alguém pode recusar o amor?

Nos seus olhos
A cada dia vejo meu sorriso espelhado
E no seu sorriso vejo certo amor estampado.
Nos olhos dela
Vejo a luz de quem ama
Sem precisar ser correspondida.
Das bocas deles
Ouço as palavras necessárias
Para seguir pelas estradas da vida.
A ti, a ela, a vós sou grata
Pelos sorrisos, olhares e vozes
De quem pouco fala que ama
E muito demonstra que transcende.

A gratidão está presente
na forma de demonstrar o amor que se sente.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Bagagem

Deve-se pensar
se a experiência advinda da idade
não acaba por matar 
a esperança dos mais velhos.
Aprofundemos e pensemos 
se acaso não é a impulsividade da juventude
que move o mundo,
pois no jovem
o medo de errar 
é diretamente proporcional
à quantia de verões.

Não desfaço da bagagem
que trazes,
menos jovem senhor,
mas questiono
se esta mala abarrotada de medos e experiências
não pesa demais
quando precisas correr para pegar o trem.
Nós,
mais jovens,
carregamos cargas mais leves
de experiências talvez menos experientes,
e dramas mais intensos.

Nós, mais jovens,
trazemos os olhos rasos d'água,
somos propensos a derramar mais lágrimas,
talvez por sermos menos embrutecidos.

E acaso não são as águas
que movem os moinhos?

Alegre-se, senhor,
por nossa carga ser mais leve.
Não, não nos menospreze.

No fundo
somos todos jovens,
mas nós,
mais jovens,
somos mais leves,
quase lebres
a tentar saltar sobre os muros
que rodeiam tua essência.

Obrigada por tudo que ensinastes,
senhor.
Tuas experiências muito nos valem,
mas nossas esperanças muito nos movem.

Venha, senhor,
alivie-se um pouco de sua bagagem.
O trem logo parte,
e queremos nós todos dentro dele.
A estação final ainda não está definida,
mas tem um nome qualquer
quase semelhante a "vida".
Se não me engano, senhor,
a estação é Primavera.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Escaras que libertam,
Escadas que elevam,
Estafas que ensinam,
Eis-me aqui, 
Aprendiz da vida.

O sangramento não é mais
Que pulso firme de vida
A correr pelo corpo
E além deste.
As palavras nada mais são
Que ventos dirigidos
a partidos
E razões.

Não sou barreira
Para impedir que teu olhar me atravesse.
Não sou ribeira
A escoar para ti
As águas que brotam de mim.

Mas sou vida
E ampla
Viga
Manta
Que te cobrirá
Quando de acalanto precisar.

Sou céu,
Seu,
Um mel
nem tão doce assim.
Bem-querer de mim.

domingo, 18 de agosto de 2013

Declaração

Meu amor,
Que seria de mim
Se, sem ti,
Eu vivesse?

Que mais poderia sentir
Fruto desse amor
Que flui livre
Em teus olhos
Nos quais
Meus olhos repousam?

Em teu colo encontrei alento
Em teu alento encontrei-me jovem
Fruto da sede de bem querer-te.

És meu repouso,
Minha mortalha.
Qualquer serenata que valha
Um sorriso teu.

Encontro-te
Em cada brisa a refrescar-me a face
Pois que carregas
O frescor dos tempos
Distantes.

Como é bom
Sermos
Amantes.

Mesmo que não saibas
De todo o meu carinho
Entenda que sozinho
Não poderei me deixar viver.
Visto que teu ar
Segreda em meus pulmões
A vida que em ti
Corre em serpentina.
Sozinha
Jamais estarás.

É teu meu canto,
Meu rebanho,
Meu infantil medo
De te perder.

É tua a minha alma
Assombrada e cansada
Extasiada ao te observar de longe.

São tuas minhas carícias
Tímidas
E com a malícia
Que só eu,
Pretencioso,
Te entrego.

Me entrego.

Sou teu,
Amor meu,
prisioneiro liberto
de teu manhoso coração

terça-feira, 13 de agosto de 2013

O filho do seu Amaro

Caminhava, embebecido pela noite, o filho do seu Amaro. O filho partia sozinho em busca de respostas que antes não lhe foram respondidas. Como era imenso o céu que pairava sobre ele. Sentia alguma falta do grande amor que perdera meses atrás, vítima de uma paixão avassaladora que a havia levado para longe dali. Os boatos diziam que ela estava no Piauí. E ele ali, filho, extremamente admirado pelas estrelas. Seu Amaro não sabia mais o que fazer; sabia que seu filho não enlouquecera com a partida do grande amor, porque sempre fôra louco. Mas como podia ele ainda sorrir, sendo vítima dos buchichos das janeleiras do bairro? Seu Amaro não entendia como podia seu filho sentar com os mexeriqueiros plantonistas e colocar-se a rir de si mesmo na companhia dos outros.
O filho do seu Amaro não derrubara uma lágrima. Simplesmente abaixara a cabeça enquanto seu amor negava o amor que ele sempre lhe dera. Ele apenas sorria. E enquanto mostrava os dentes, sua noiva reclamava do seu sempre sorriso. Ele vivia sorrindo. E como ela poderia conviver com alguém que só sabia sorrir? Tal pessoa jamais seria levada a sério. Sendo ela moça séria e direita, comportada e de sandália, não poderia conviver com um risonho. Talvez por isso tenha se apaixonado por um soldado.
Quando ela partiu, o filho do seu Amaro sentiu um vazio. Mas este logo foi preenchido pelo brilho das estrelas que habitavam o céu do interior. Ele nunca tinha se dado conta de quantas estrelas moravam na imensidão do firmamento. Em sua cabeça juntou o brilho de cada uma delas e percebeu que o vazio agora era mais iluminado do que os olhos do seu amor. Descoberto isso, de pronto seu coração sossegou. Mas seu Amaro não sossegava. Sabia que não era normal uma dor de amor se curar tão rápido. Sabia disso porque ainda carregava consigo a dor da partida da esposa. Esta fôra para um lugar mais longe que o Piauí, um lugar de vários nomes, muitos lugares e nenhuma certeza. Uma partida sem volta.
E seu Amaro se preocupava. Puxava qualquer assunto mórbido para conversar com o filho: das tragédias do jornal das oito à queda do dólar. Mesmo assim, diante das mais trágicas histórias, o filho sorria, afligindo ainda mais o pai. Se antes já era louco, o que haveria de ser agora?
Porém, o filho continuava a sorrir. Ria da preocupação excessiva de seu Amaro. Sorria, porque sorrir foi o único remédio que lhe restara, diante de todas as preocupações e desassossegos que antes lhe rasgaram a alma. Entendia que a vida era caminho sem volta. Caminho duro, pesado , mas era o único caminho que existia. Afinal, se podia sorrir, era sinal de que estava vivo... E caminhando. Sorte a dele que no seu caminho existia a noite com suas estrelas a preencher o vazio. Caminhava sorrindo.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Senhora

Ah, Senhora,
que grande talento 
para enganos, não?

Que falsa esperança
seus olhos 
me deram, Senhora.

Senhora Infelicidade, Senhora.

Por que tamanha
falsidade,
Senhora?

Qual o motivo
para tanta injustiça,
Prezada Senhora?
Agora,
após tantas horas,
um tapa assim pelas costas
não é coisa que se faça.

O que aconteceu
afinal,
Senhora,
para agir assim
de maneira tão indecorosa?

Acaso está perdida, Senhora?
Logo a Senhora,
que carregava meu coração na mão?

Que erro cometeste,
Senhora.
Logo quando estava quase
passando no teste.

Que tola esperança
tive em ti,
Senhora.

Azar o seu,
Senhora,
que não sabe o que perdeu.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Conselho

Não discordo que a pressão sofrida
possa servir como justificativa.
Mas há que se ter força para assumir
os riscos de servir
a poucos que pouco toleram,
a alguns fracos que pouco suportam.

Sirva pensando na maioria que é forte,
embora ainda não saiba 
o tamanho de sua força.
Pois aqueles que pouco se conhecem
somam-se
em busca de conhecer ao máximo
tudo aquilo que os rodeia.

Talvez o preço pelo auto-desconhecimento
seja conhecer as mazelas do próximo,
sem perceber que as mazelas dele
estão muito presentes em nós mesmos.

Somos um,
em mazelas,
desassossegos
e desaforos.

O mundo já é um sufoco sem tamanho,
então por que fazer dele algo pior?

Sirva aos fortes que se acham fracos,
governe pelos desconhecidos,
mas não se esqueça daqueles
que querem sua derrota.
Não por vingança
ou qualquer falta de esperança,
mas por saber que,
se deixar o mundo nas mãos destes,
o mundo não terá mais jeito.

Lide e assuma
todos os seus defeitos,
mas lembre-se que respeito
jamais pode faltar.

terça-feira, 30 de julho de 2013


Há algo pior que desilusão de amor?
Infelizmente... Há.
Pelo menos 
amor desiludido
não gera ressentimento
de ideais.

Mas o que seria,
então,
pior que desamor?

Seria aquela perda de confiança.
O nascimento de uma desconfiança
gerada em sal.
Sal do deserto
interno
de quem não tem amor.
De quem não tem ardor.

É a derrubada do escudo
com o qual
tal desertado
antes se protegera.
Aquela redoma com a qual
o iludido protegera,
da umidade,
o sal.

Ah, se o iludido soubesse
que o sal precisava ser mais humilde,
deixaria o deserto virar mar.

E, no final das contas,
a umidade afoga o iludido
que, humilde, não sabe nadar.
Não sabia nada.
Umidade salgada essa
que provém das lágrimas.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Carmim caminho

Encerro-me na vida
a procurar frestas luminosas
de beleza e saciedade.
E na luz vou mergulhando,
afogando e saboreando
o colorido dos caminhos
negros, brancos e vermelhos,
cheios de luto e luta
tal como é a vida.

Porém na luta me encontro,
embora na saudade
de tempos não vividos
eu me perca.
A saudade do futuro corrói
mais que o desgaste do passado,
apenas porque
de certeza na vida
temos somente o pretérito...
Perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito.

domingo, 23 de junho de 2013

Romântica




É, meu amigo... Infelizmente eu sou romântica.
E eu adoro.
Detesto romances,
mas adoro esse meu defeito.
Não suporto rumores de paixão,
ou qualquer
barulho ou alucinação.
Mas adoro fantasiar
essa sensação.

É, eu sou romântica.
Assim como sou boba,
sofrida,
louca varrida,
eu sou semântica.

Eu sou romântica.
Mas não doida a ponto de te falar 
de fato.
Eu não sou romântica no ato.
Eu sou romântica pra mim.

Pra você?
Pra você
meu pensamento é o que basta.
Não sou muito de palavras,
então não se sinta
meu alvo.

Sou romântica para mim.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Planeta retrógrado

Do grito fez-se o engano
lento e pronto a lamuriar.
Do espanto fez-se dano
ao coração ao palpitar.

Leve sono, pronto pranto
a derramar em noites tempestuosas.
Suor que da testa escorre
com o peso do mundo sobre as costas.

Sobre os outros
não há mais o que comentar.
Lentos a vagar,
Parados em achar.

E de achismos
a machismos caminha a humanidade a afundar.
Lerda, sonsa e preguiçosa,
com preguiça de trabalhar
e medo maior de se apaixonar.

Besta massa petulante
com medo de viver.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Casmurrando




Cá estou
náufrago em tuas pupilas,
afogado em ti, 
menina.
Acaso não me vês,
querida,
cego por ti?

O que queres de mim,
menina?
Que quando te vejo
faz me sentir louco
assim.
Tu te vês,
pequena,
tão linda em mim?

Por onde andas,
paixão,
me deixando aqui
na companhia da solidão?
Cansei de sonhar,
bonita,
e já não consigo mais me resgatar
das teias de tua íris.

Te amo,
meu amor,
embora não admita
carregar tamanho fardo.
Te amar é um fardo,
querida,
que pesa em meus ombros
deixando-me cada dia mais
insensato.

Malditos sejam,
Capitolina,
teus benditos olhos de ressaca.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Quando o amor acaba

O amor acaba
e, com ele,
escapa do peito
todo aquele sentimento
sinônimo de sofrer.

Quando o amor acaba
o que resta
é um vazio
preenchido de alívio
do ver-se livre,
e de um sufoco
do ver-se só.

Quando o amor acaba,
na verdade,
adormece,
entra em coma,
vegeta.
E, assim, atrofia.
Mas o amor nunca acaba,
pois, se acabasse,
não seria amor.

domingo, 10 de março de 2013

O mal do atraso

Se peço para que venhas às sete,
não chegues dez minutos depois,
pois não quero perdê-los
esperando por ti,
ansiando para que estejas magnífico
naquela camisa que te cai tão bem.
Não quero dez minutos de tortura,
angústia que me toma
sem saber de ti,
inventando mil desculpas para teu atraso
e sofrendo por medo de não vires.

Não me torture com teu atraso.
Não me torture com tua ausência de dez minutos,
pois nunca saberemos se aproveitaremos
todo o calor da companhia.
Não sabemos se teremos sempre dez minutos,
e dez minutos sem ti
são meses.

Eu sou muito ocupada
e tu também,
então aproveita-te,
aproveita-me.
Pois é contigo
que quero passar
mais dez minutos.


É por ti que me arrumo dez minutos antes do previsto,
é em ti que meu pensamento está
a cada dez minutos.
E é por isso
que dez minutos,
dez horas
ou dez dias sem ti
são tão longos.

E tudo se resume
e dura uma vida
em apenas dez minutos.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Centelha

Cansa.
Sim,
como cansa.
Por um momento a esperança
se esvai,
escapulindo pelas mãos,
coração,
ombros
cansados.
A esperança beira o chão.
E não há luz.

Mas aí
qualquer sorriso
que aparece assim
sem aviso
ilumina todo o saguão.
E um grito forte
brota do peito,
rasga a garganta,
treme paredes:
CONSEGUIMOS!

Parece pouco
tudo o que foi feito,
tudo que se pode fazer.
O passado nos dá
belos exemplos
de como queríamos ser.
E nos esquecemos do que somos,
do que mudamos,
do que salvamos.

Às vezes,
quando tudo parece esgotado
e o cansaço pesa nos ombros,
precisamos ter fé:
no invisível,
no insensível,
ou mesmo num simples sorriso.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Como amar menos




Primeiro, engula-se:
tudo que for seu,
palavras, ações,
tesões,
aprisione dentro de si.
Feche-se.

Tranque qualquer porta,
vede qualquer fresta
pela qual um olhar qualquer possa entrar.
E deixe crescerem arestas.
Assim,
elas rasgam aos poucos
relembrando cada sufoco
daquele muito amar.

Segundo:
sorria.
Sorria para todos
um sorriso sonso
mas não tão morto
quanto quem está por trás.
Bom hálito é essencial.

Terceiro
e não menos especial:
engane-se.
Minta para si
dizendo que não há nada de errado
em não mais amar
por ter amado demais.
Afirme-se,
negando-se o direito de viver.
Desfaleça
antes de cada beijo,
cheiro,
desejo
que insista em fazê-lo amar.

Esqueça de si,
posto que, se não pode mais mais amar,
não se pode mais viver.

Sobre gostar

Semelhante a lambuzar-se
ao olhar para o objeto de desejo,
como se fosse sorvete,
devorando-o aos poucos
e tomando cuidado para não perder uma gota.
Mas não refresca...
Ferve.

Arde qualquer coisa no peito
e o coração bate acelerado
quando sente a energia da coisa.
O desejo é visível aos olhos
e tremular das mãos.

Um ser dominador
invade o ser
e você não se reconhece.
Algo como uma branda possessão
toma-lhe o ser
e você quer,
deseja,
grita
como uma criança mimada
escondida em uma branda face
que não entrega a loucura
que se passa
quando a luz invade a pupila.

E o controle?
Ah, o mundo todo crê
que você está controlada,
e ninguém,
a não ser você mesma,
percebe o quanto está mudada.

Ninguém sabe,
mas você gosta.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Amar: verbo insaciável indiscreto

Amar é sentir-se no outro
e sentir cada olhar
como um passo rumo ao paraíso
de canções e aflições
presas num rebuliço
chamado coração.

Inspira cor,
expira dor
a cada passo
que se dá
em busca de qualquer imagem
abraço
e saudade
que se possa registrar.

É sofrer calado
mas não calado o suficiente,
a ponto de mostrar-se
insatisfeito,
infelizmente,
com a ausência do amado.

É dar-se demais,
recebê-lo de menos,
pois o amor é insaciável.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Sobre a sutileza de ser

Seja,
Respire esse ar
Que está disponível 
E invisível por aí.
Respire-me.
Esteja,
Ponha seus pés
Nas nuvens e caminhe
Na delicada aura que brota do ser.
Resida,
Morra em si e só para si
Assim como tendo a morrer por você.
Descanse,
Pouse seus braços em estofados e coxas
E embale-se em mim.
Seja
Essa coisa boba assim,
Esbelta assim,
Somente assim
Qualquer coisa
Só para mim.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Outros trapos




E nessa mania de me esbarrar
Em cada olhar que posso ver
E rabiscar o seu olhar
Pra admirar o que você me parecer.
E nessa angústia de cantar
Em plena Augusta
A procurar por qualquer um
Que lembre você.
E a me enrolar
Em meus lençóis
Que antes só cobria a nós
Fervorosos a amanhecer.
E sentir
Qualquer coisa assim
Semelhante a um arrepio
Que só o seu era capaz de me fazer tremer.
E chorar
Pleno sal e sol
A irradiar
Apagando nossas vãs lembranças.
E escrever
Qualquer coisa que vá até você
Que não irá entender
Pois ainda é tolo.
E consolar-me
Em outros braços
Outros trapos
Que não sejam os seus.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Linhas sobre saudade

Saudade é aquele fogo
Que faz ferver os olhos
É um jogo
De quem ama
Pra quem sabe
Ou não.

Saudade é felicidade
De ver sempre aquele sorriso
Capaz de alegrar manhãs,
Apaziguar tardes,
Anoitecer amores.

Saudade dói
E faz doer o peito
Ao ver-se só,
Na ausência
Do motivo de existir.

Saudade é linha
Que deu nó
Apertando olhos, 
Bocas,
Lençóis.
Saudade é sonho
E pesadelo de quem sente falta
De quem se foi há algumas horas.

Saudade é isso
Um aperto,
Um chorinho,
Um rebuliço,
E a doce lembrança de um sorriso.