terça-feira, 20 de setembro de 2011

Contrariedade

Para ela
sua presença era insubstituível
e seu beijo, imperdível.
Provavelmente, o ar não lhe era tão necessário
uma vez que o perdia a cada encontro.
Cega, surda e muda,
ficava a cada visão,
som e pergunta.
Obedecia-lhe o ritmo,
dançava seu passo,
cantava para ser ouvida por ele
somente.
Para ele,
sua voz era inaudível
e sua dança, incompatível.
Ela não lhe era tão necessária,
já que só não se sentia sozinho.
Infeliz, sonolento e desanimado
ficava a cada encontro,
ligação e mensagem.
Não respondia suas perguntas,
perdia o ritmo,
tampava os ouvidos a sua música
ausente.
Ela corria, ele fugia.
Ele desligava, ela tentava.
Ele era o não e ela o por favor.
Um Yin-Yang sem sentido e complemento.
Eram uma verdade
que a iludia e bastava;
uma mentira
que ele detestava, mas mantinha.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Erros

Tá errado querer ser aquilo que não se sabe se pode ser?
Querer brilhar, cantar, gritar, gemer, ser?
Sonhar alto, tão alto quanto o morro para o qual olhava quando criança?
Brincar de ser feliz, atuar como se fosse atriz?

Afinal, é errado pensar que se é mais do que aquilo que dizem que é?
Juntar dinheiro para pagar o sonho de viver,
guardar as lembranças do sofrer
e se desiludir para aprender?

O que me diz?
É errado ser quem sou e ainda assim ser feliz?