segunda-feira, 27 de junho de 2011

No campo, o sangue jorra pelo solo
dos cultivos
familiares
choram por seus mortos
um choro que implora justiça
pelos vitimados guerreiros da floresta quase extinta.

A devedora Atenas
cobra os juros das vidas tomadas
pelo mercenário mercantil.
Em Madrid a marcha vence as touradas
e o "Olé!" é trocado pelos 
gritos de "Libertad! Libertad!"

Rumando segue a marcha,
abrindo caminho nas ruas,
quebrando as invisíveis correntes,
desvendando os olhos da verdade,
abrindo os ouvidos
aos sons de liberdade.

Enquanto Belo Monte sufoca,
afogando a bandeira verde,
as uniões se legalizam
vencendo a intolerante barreira.

Os primeiros passos começam a ser dados
e a esperança sai de seu estado de coma.
A mente abre suas portas
e a brisa que entra traz uma doce sensação.
A mudança continua e
o vento vira furacão.
As linhas deixam de ser retas
e entortam a direção.
E enquanto as curvas
ficam mais fechadas
os atalhos aparecem.
A estrada de terra e pedra
passa a ser a segura direção.

Os buracos são cavados
e o gambás não fedem
como as rapinas.
Vigilantes fogem
e a comida que lhes resta 
é a base de laranja.

Espere! Ouço gritos!
Bandeiras tomam minha rua.
Todas as cores emergem sobre as cabeças.
O branco foi lavado com líquido vermelho
que deixou seu brilho mais intenso.
Uma energia sonora sai das bocas
e possui um aroma leve,
lembra-me o cheiro e os sabores
de minha infância.
Não há um som pesado de bater de pés,
não há som de violência.
As pisadas flutuam,
as pessoas ganham asas.
É chegada a hora:
as correntes não nos prendem ao chão
e as asas abrem-se ao sabor do furacão.
Em seu olho existe um brilho,
algo como um clarão
que me dá a certeza
de que dias melhores virão.