segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Marcha

Enquanto teu silêncio grita logo a frente,
convocando as mentes à razão,
teus pés marcham em direção ao horizonte.
Lá estão teus sonhos,
meditados na lavoura, na cidade, no negócio.
Para trás deixas os calos, as misérias, as falências.
Segues e o suor escorre pela face,
aquele mesmo suor que irrigou a terra,
lavou a calçada, molhou a cachaça.
Teus olhos brilham ao avistarem o sol
mergulhando nas lágrimas do horizonte.
A estrela afunda, renascendo a cada dia,
ressuscitando a cada escuridão.
Com os primeiros raios,
os rostos irradiam o brilho da esperança,
a esperança hidratada pelo orvalho da manhã.
Nem mesmo na escuridão deixaste de seguir.
E, enquanto o manto estrelado cobriu teus mortos,
levaste as heranças inspiradoras,
carregando as estrelas e o escuro sobre tuas costas.
E, com toda a luta,
com o sofrimento induzindo à derrota,
não desististes.
Quando mais precisastes,
o juazeiro e a araucária forneceram a sombra
para repousares teu corpo cansado.
O cajueiro forneceu a fruta,
apaziguando a fome causada pelas privações impostas.
Com o apoio da natureza,
provavelmente a única a te apoiar nas horas infames,
lutaste contra todo o sistema.
E, seguindo, olhas e enxergas algo luminoso,
diferente do passado e do presente:
um oásis sem tenentes,
um paraíso suntuoso,
um jardim sem poluição ou repressão,
com nações mestiças.
Um jardim cujo nome é
"o futuro com justiça".

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Leva-me para o jardim
e, enquanto o outono desnuda as árvores,
conta-me os sonhos de suas noites.
E enquanto brinco com as formigas, 
ouço-te falar do futuro,
antevendo a construção do sítio de seu coração.
Deitados na grama,
aquecendo o corpo ao calor do sol,
imaginamos um céu estrelado, 
traduzimos seu brilho no olhar.
Nos jogamos nos braços da mente

e nos entregamos sonolentamente,
dormindo o sono daqueles
que não precisam dormir para sonhar,
tampouco ser correspondidos para amar.