quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Que víbora é tu
capaz de matar Cleópatra
antes mesmo da picada?

Que fagulha soltas,
pequena o suficiente
para um explosão 
silenciosa e desastrosa?

Que força és
capaz de regenerar malfeitores
e incriminar salvadores?

Como consegues ser 
tão divino e mundano
em intervalo de milésimos?

Onde moras
para conseguires estar presente
em todos os lugares?

Acaso tens sonhos
como aqueles 
que sofrem por ti?

Acaso sente-se?
Sabes como é 
sentir-se?

Imagina momentos 
antes de destruí-los
num simples piscar de olhos?

Como consegues,
em duas sílabas,
ser tão forte
e capaz de destruir
o mais poderoso dos homens?

És amigo dos animais
para eles serem donos do segredo
de disfarçar o sofrimento por ti?

Como podes ser representado
e debochado
por um beijo?

És um compositor
que regozija
em ouvir o próprio nome
em cada verso da canção?

Ao menos consegues
definir-te,
palavra sem significado?

Será que foste criado por Roma
e após a criação
virou-a ao contrário?

Por que não respondes?
És uma reposta
longa, curta ou incompleta?
Como vê-lo assim tão brilhante
e com tamanho medo de vencer?
Quantos sonhos procurou realizar
para tão cedo perecer?

Como numa brincadeira de roda
dê-me a mão,
olhe para o céu azul
e sigamos em frente.

O céu não é assim tão distante
e o brilho das estrelas
não é maior que
o brilho de seus olhos
tão azuis quanto o firmamento.

Viaje para o espaço comigo
e veja como o mundo é tão pequeno
perante seus pés.

E como ele não é mais azul 
que seus olhos,
simples e tão lindamente 
azuis.
Fazer das noites
horas intermináveis.
Crer que todos os sonhos
se tornem realizáveis.
Imaginar momentos 
ao seu lado.
Passar minutos 
fantasiando encontros
casuais.
Arriscar toda história
num jogo de dados.
Recitar votos
anuais.

Há anos
rotina quase que diária,
certeza quase que fantástica,
tortura quase que mortal.

Palavras escritas
minuciosamente relidas,
diferentemente interpretadas.

Quando irá livrar-me deste mal?
Desse mal de você,
desses olhos que já não sei mais a cor,
dos quais só me recordo do brilho
por trás das lentes.

Quando irá parar de me torturar 
sem saber?

Ao perceber que o mal
trata-se de você, 
com certeza irá ocultar-se
nas sombras quentes novamente.
E mais ainda sofrerei
a cada apoio de momento feliz,
a cada recado de duas linhas,
a cada lembrança...

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Perguntas-respostas-perguntas

Por que desististe?           
                                               
                                                              Quem te disse tal absurdo?

Teus atos.

 
                                                               Tentei muitas vezes!

Fizeste de tudo?

                                                                Não quis ficar triste.

Padeceu ante os revezes?

                                                                 Estes não foram só boatos.

Continuasse tentando...

                                                                 Impossível saber o que aconteceria...

Garanto que não morreria...

                                                                 Não tenho tamanha certeza.

E se te desse uma resposta?
                                                         
                                                                  Sentiria medo dela.

Acaso lê pensamentos
para julgar conhecer
a pergunta?
                                                                           
                                                                   Não tenho intimidade para tal tentativa...

E se te dissesse
que sim?
                                                                             
                                                                    Diria que te amo.

 
E se dissesse
um não?

 
                                                                    Diria que te amo ainda mais, então!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Às vezes descobrimos amigos
onde pensávamos que existissem inimigos.
Em muitas ocasiões acabamos por entender
que amigo não se escolhe,
apenas descobre-se.

Eles surgem numa palavra,
num gesto, numa estrofe.
Certas vezes nem querem ser amigos,
mas acabam sendo.

E quando os descobrimos
o coração acelera,
a lágrima invade o olho
e um novo tipo de amor nasce
e cresce...

Um amor tão puro e tão ingênuo
baseado na divisão, no carinho
e no afeto.

Um sentimento que cresce
em cada despedida,
que dorme no tempo
e que renasce no reencontro.

Um sentimento que na mais silenciosa solidão
brota lá no fundo do coração
abrindo nossos olhos, deixando a lágrima cair
e nos mostrando que
nunca estaremos sozinhos.

Estes versos foram feitos imaginando um possível diálogo baseado na música Trajetória, uma composição de Arlindo Cruz, Serginho Meriti e Franco, e tão lindamente cantada por Maria Rita.

Cada momento que passamos juntos
foi extremamente importante.
Tua companhia é alegre, graciosa,
és uma pessoa brilhante.

Lembras de nossos passeios de domingo?
Dos sorrisos, contos, segredos?
Época tão feliz
e tão recente...

Escrevemos cada linha dessa história
seguimos juntos essa trajetória.
Porém a vida pede-me para partir
e a lágrima que molha teu rosto
neste momento
implora-me para ficar...

Música:  Trajetória

Não perca tempo assim contando história
Pra que forçar tanto a memória
Pra dizer
Que a triste hora do fim se faz notória
E continuar a trajetória
É retroceder
Não há no mundo lei que possa condenar
Alguém que a um outro alguém deixou de amar
Eu já me preparei, parei para pensar
E vi que é bem melhor não perguntar
Porque é que tem que ser assim
Ninguém jamais pôde mudar
Recebe menos quem mais tem pra dar
E agora queira dar licença, que eu já vou
Deixa assim, por favor
Não ligue se acaso o meu pranto rolar, tudo bem
Me deseje só felicidade, vamos manter a amizade
Mas não me queira só por pena
Nem me crie mais problemas...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Tens um sonho tão grande
que serias capaz de correr
maratonas para conquistá-lo?

Tua ambição pelo sucesso
do empreendimento
é tão grande
quanto este?

Pois vá,
corra atrás de teu sonho,
porque ele tem a péssima
mania de correr de você.

E quando alcançá-lo
agradeças aos céus por tamanha conquista.
Foram eles que sopraram
o vento a teu favor.

E, se por acaso, não conseguires conquistá-lo
sinta-se feliz pelas lembranças
que conquistaste no caminho de
tuas buscas.
Elas podem ser muito maiores
e mais importantes
do que teus sonhos.
Basta abrir teus olhos para a
paisagem da trajetória...

sábado, 27 de novembro de 2010

Que vontade é esta
de estar junto e abrir
meus ouvidos ao som da tua voz?

Que sentimento é este
que me faz sonhar contigo
e desejar que esse sonho
fosse realidade?

Afinal, que curiosidade é esta
que me surpreende e
me deixa atenta
ao escutar teu nome?

Peço aos outros que me expliquem
tais sensações.
Busco, em vão, respostas
para dar ao coração.

E tu poderias me explicar
o motivo de tamanha
sensação?

Será que sentes o mesmo
ou estás perdido
em outro mundo,
outro cometa,
outra sensação?

Poderias me dar alguma resposta?

Sinto que não,
pois tu não fazer a menor idéia
do que se passa
neste ferido coração.
Uma dor lasciva,
aguda,
grave,
que perfura
e fere como
espada afiada e envenenada.

Dor que surge
aos poucos
com o movimento
dos ponteiros
e com a rotação
do globo.

Tão dolorida quanto
a traição;
confunde sentimentos,
faz chover nos olhos.

Canta um desencanto,
agoniza a esperança,
sofre a felicidade
e prende a liberdade.

Ah, como dói essa saudade!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A natureza visando a vida
resolveu criar o homem.
Primeiro o homem-primata,
depois o homem-colonial,
e, por fim, o homem-político.

O primeiro priorizou a sobrevivência.
Caçou, comeu, procriou,
muito lutou, suou e morreu.

O segundo cuidou da família.
Educou a prole, trabalhou,
Muito lutou, suou e morreu.

O terceiro ama o conforto
faz de tudo para obtê-lo.
Pouco trabalha,
pouco luta,
pouco sua
e muito mata.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

E a vontade de escrever
toma conta de todo meu ser.
A mão desliza sobre o papel,
as idéias assaltam a mente
como se fossem pensamentos
de outras pessoas.

Alivio na celulose
a pressão do cotidiano
a pressão das provas, das privações,
a força e a intensidade dos desafios.

E esses pensamentos
esses sentimentos
são iguais ao de todos os seres
que emitem uma energia,
a qual tenho a pretensão
de transformá-la em poesia.
E os dias que passam
me carregam como folhas fenestradas
ao sabor do vento.

O perfume das flores invade
minhas narinas
como se nunca eu os tivesse sentido.

Um pequeno lagarto atravessa
correndo o meu caminho.
Quase tropeço numa tartaruga
parada como uma pedra.

E a vida passa diante de
meus olhos.
Uma imagem se manifesta
e fica gravada na memória,
muitas vezes como algo sem importância
que insistentemente se manifesta
em todos os segundos.