quinta-feira, 28 de março de 2013

Quando o amor acaba

O amor acaba
e, com ele,
escapa do peito
todo aquele sentimento
sinônimo de sofrer.

Quando o amor acaba
o que resta
é um vazio
preenchido de alívio
do ver-se livre,
e de um sufoco
do ver-se só.

Quando o amor acaba,
na verdade,
adormece,
entra em coma,
vegeta.
E, assim, atrofia.
Mas o amor nunca acaba,
pois, se acabasse,
não seria amor.

domingo, 10 de março de 2013

O mal do atraso

Se peço para que venhas às sete,
não chegues dez minutos depois,
pois não quero perdê-los
esperando por ti,
ansiando para que estejas magnífico
naquela camisa que te cai tão bem.
Não quero dez minutos de tortura,
angústia que me toma
sem saber de ti,
inventando mil desculpas para teu atraso
e sofrendo por medo de não vires.

Não me torture com teu atraso.
Não me torture com tua ausência de dez minutos,
pois nunca saberemos se aproveitaremos
todo o calor da companhia.
Não sabemos se teremos sempre dez minutos,
e dez minutos sem ti
são meses.

Eu sou muito ocupada
e tu também,
então aproveita-te,
aproveita-me.
Pois é contigo
que quero passar
mais dez minutos.


É por ti que me arrumo dez minutos antes do previsto,
é em ti que meu pensamento está
a cada dez minutos.
E é por isso
que dez minutos,
dez horas
ou dez dias sem ti
são tão longos.

E tudo se resume
e dura uma vida
em apenas dez minutos.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Centelha

Cansa.
Sim,
como cansa.
Por um momento a esperança
se esvai,
escapulindo pelas mãos,
coração,
ombros
cansados.
A esperança beira o chão.
E não há luz.

Mas aí
qualquer sorriso
que aparece assim
sem aviso
ilumina todo o saguão.
E um grito forte
brota do peito,
rasga a garganta,
treme paredes:
CONSEGUIMOS!

Parece pouco
tudo o que foi feito,
tudo que se pode fazer.
O passado nos dá
belos exemplos
de como queríamos ser.
E nos esquecemos do que somos,
do que mudamos,
do que salvamos.

Às vezes,
quando tudo parece esgotado
e o cansaço pesa nos ombros,
precisamos ter fé:
no invisível,
no insensível,
ou mesmo num simples sorriso.