quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Incertezas quase certas

Guardo em mim incertezas
sobre a que se refere ser ou estar,
sobre que se acreditar ser o amar
e sobre toda o inimaginável peso da vida.
Tenho em mim que a vida é leve,
plana e irregular
tal qual algo perfeito
cuja perfeição só os sábios podem admirar.
Leveza não destoa de dureza
pois fraqueza nunca foi sinônimo de viver.
Quem sabe são os vivos
Quem vive são os sábios
Quem é leve sabe endurecer
sempre que precisar.
Continuo por um rumo incerto
onde todo o conhecimento pode não ser correto,
mas uma coisa talvez seja fato:
viver não é fardo
viver é fato
amar é fato
e reclamar demais chega a ser chato.
E a vida é muito bela, de fato.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Implosão

A declaração não é suficiente
a ilusão, talvez
mas ela ainda mente.
Não desentenda o que está subentendido
posto que carinho
é o amar do sol de domingo.
Nada que exista nesse mundo
explica-se somente no olhar,
pois nada neste mundo tem completa explicação.
Amar pode ser pecado
ou mesmo salvação.
Para que procurar sentido no amor ou no viver
quando basta apenas sentir e existir?
Tememos não deixar marcas,
mas o simples ato de nascer,
crescer e um pouco viver
é capaz de transformar paisagens.
É capaz de desenhar amores.
E, talvez, seja capaz
de se bastar por si só.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Espera

Espero estar sempre a teu lado
sem te deixar abater ou sofrer
por qualquer desordem
derradeira da caótica vida
tão gostosa de ser vivida.

Espero ter longos braços 
para em grandes abraços envolver-te
e mãos seguras que possam te segurar
ou empurrar
quando necessário for.
Espero sempre surpreender-te.

Espero terminar bem qualquer poema
que te tenha como tema
já que tu, meu grande segredo,
eu conto pelas letras
nas quais eu finjo esperar.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Mal resolvidos

Aos casos de amor mal resolvidos
desejo que se mantenham
sofridos
para mais histórias poderem contar.

O mundo é mesmo um lugar sombrio
para os loucos que se deixaram levar
por lábios astutos
e dedos maliciosos
que pêlos fizeram eriçar.

Que os beijos sejam varridos
para um canto qualquer
de uma memória perdida.
E que os olhares trocados
sejam desviados para algum lugar
onde os cegos se deixem guiar.

Afinal,
o mundo é mesmo um lugar sombrio
onde os loucos varridos
encerram seus amores mal resolvidos.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Sense

Procuro fazer um poema
que fale de todos os sentimentos.
Um poema que tenha sentido
e argumentos.
Versos que desafoguem
e me tirem deste tormento
de não conseguir me fazer entender 
neste momento.

Uma linha que consiga te dizer
que seguimos o mesmo tecer.
Qualquer rima que possa te fazer
entender-me mesmo que sem querer.
Um poema que destoe
da mesmice dessa pulsação
que insiste em acompanhar o ritmo
dessa alienação.


Porque amar é perder os sentidos
ao sentir todas as dores e calores possíveis.

Que seria do poeta se amar fizesse sentido?

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Desejos

Seria um desejo expor
o desejo de declarar
quase todo meu amor
mas tal risco não vale a pena correr
se tanta dor um amor pode conter.
Guarda-te, desejo,
para quando encontrares
qualquer ensejo
do sentimento declarar.
Desejo que saias ileso
desse derramar
de palavras afetuosas
que relações amorosas
podem intensificar.
Por fim, meu real desejo
é que qualquer lampejo daquele olhar
ilumine toda a sala de estar
do meu risonho e indefeso
amar.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Em espera

Nesta vida espera-se muito.
Espera-se dos amigos,
espera-se dos amores,
espera-se da vida.
Espera-se viver a vida.
Mas vivendo em constante espera
esquecemos de viver,
esperando que as pessoas
esqueçam de esperar tanto de nós.
E assim perdemos a esperança
em nós mesmos,
e nos outros
e em tudo.
Em tudo se espera,
em tudo pouco se alcança.
De tudo se esquece
e de tudo se reclama.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Teórico

Pobre ser
A insistir
Em conhecer 
Diversas leis
Sem se conhecer.

Teimosia ambulante
Em estudar conceitos destoantes
Da vivência diária,
Da crença amorosa,
Da verdade não compartilhada.

Caminha
Querendo saber mais,
Definir todos os fatos universais.
Retrocede,
Porque sabe muito menos
Sobre o que realmente importa
(nem dólares ou reais).

Continua
Sem saber ao certo
Que saber demais é um inferno.
Que conhecer-se pouco é um deserto.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

À rapaziada na qual eu acredito

Apesar de todos os pesares
somos todos pares,
ímpares e parceiros
em busca de um sentimento
conhecido como amor.
Nessa parceria rumamos estradas,
navegamos em jangadas,
só para estarmos juntos
no final de cada jornada.
Com vocês eu sempre quis estar
pois sem vocês não haveria amar
e eu não seria o que vim a ser
nesse pequeno trecho de vida
que procuro viver.
Pois amor é isso:
é sinergismo
de encontros, despedidas, reencontros
e sorrisos.

domingo, 6 de abril de 2014

Uma história a ser contada

A tantos que andam 
De ombros arqueados
Pois acharam que amar seria mais fácil
Do que viver por si.

A todos que viram olhares trocados
Tiveram seus beijos roubados
E se entregaram sem sentir.

Hoje fazemos versos molhados em lembranças,
Músicas cantadas por trêmulas vozes
Que temeram perder as memórias
E não poderem mais contar suas histórias.

Afinal, nós somos a melhor história que temos.

Para o resto do mundo
Faço questão de contar o que viemos a ser:
Somos uma eterna lição a se aprender.

Aproveitemos
E para o amor deixemos a porta aberta
Pois só quem é capaz de amar
Pode compreender a dor de ser poeta.

sábado, 8 de março de 2014

Engano

Não quero que 
nem de longe saibas 
o que sinto 
pois, embora já saibas
me permito enganar-te 
fazendo esperar,
tal como espero,
por uma resposta muda
que pode tudo mudar.
Me permito enganar-me
permitindo-me amar sem delongas
visto que já não sei amar
sem teorizar sobre poemas alheios
e tão cheios 
de esperar.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Vontade

Tratava-se de uma loucura derradeira
Que no início seria paixão passageira
Mas que, com certa estranheza,
Se deixou ficar.
Ou melhor: roubou um lugar.

Não poderia ser amor
Porque não envolvia penas
Nem borboletas.
Era angústia de sentir
O que não sabia existir
Mas pelo que valeria sonhar.
E sonhava.

Flutuava nas danças que imaginava,
Corria colinas enfeitadas
De esmeraldas e fadas,
E, por alguns instantes,
Até na bondade acreditava.

Mas sabia que o caminho não seria doce,
Pois não havia trilha a ser caminhada
Nem mãos a serem entrelaçadas.
Não haveria só um par de mãos.

Decidiu levantar a cabeça
Que de tanta fantasia enrustida pendia.
Seguiu adiante por um caminho um pouco frustrante
De muitas paixões e pouca certeza.
E assim estava decidido,
Sem determinismo,
Que a vontade de amar 

É parte da orgulhosa natureza
De querer se sentir vivo.