quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Boticário


"Não deveria escrever por você. Não deveria nem ao menos sofrer, imagine então escrever. Mas é o modo que encontro de, sei lá porque, divagar sobre querer ou não você."  

Acho que não.
Acho que não quero.
Acho que não merece.
Acho que não sustento.
Não quero esquecer,
não quero deixar,
não quero deixar
pois não me sustento
por gostar tanto assim de você.
Dane-se.
É assim que é:
no fundo eu acho,
aqui dentro eu quero,
minha mãe acha que mereço,
mas ninguém aposta que eu aguento.
Eu acho que vai
durar o suficiente para logo acabar
e que vai acabar quando
o que durou não mais sustentar.
Querer eu quero,
sempre quis, assim como você,
assim como qualquer um
ser um pouco, talvez um muito
feliz.
Minha mãe te acha o máximo
modéstia a parte, culpa de minha propaganda.
Falei que você era remédio;
se falasse que era droga,
teria que entrar em tratamento.
Isso é vício,
ninguém aposta por isso.
É arriscado,
e gostar assim
já não é tolerado,
nem para você
nem para mim.
Deixe.
Deixe passar.
Mas ajude,
ajude a curar.
Afinal você é o remédio, lembra?
O problema é que
tomei-o em altas doses,
viciei
e agora você é contra-indicado.
Faz-me mal.
Mas, lá no fundo,
me faz um bem danado.

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